No entanto, se um casal tiver relação sexual sem utilizar um método contraceptivo, ou se o método falhar (por exemplo, a camisinha estourar), e a mulher não quiser engravidar, o que ela pode fazer?
Nos EUA, em 24 de agosto de 2006, o FDA (que regulamenta a fabricação de remédios nos EUA) aprovou a venda sem receita de uma pílula do dia seguinte para mulheres com 18 anos ou mais. O nome genérico desse contraceptivo é levonorgestrel. Ele também é conhecido pelo nome de Plano B. Essa versão da pílula foi aprovado nos EUA em 1999, mas sem poder ser vendida sem receita. Também foi em 1999 que esse método chegou ao Brasil.
O sistema reprodutor feminino é extremamente complexo e o ciclo menstrual envolve diversos hormônios diferentes. Eis uma versão simplificada de como ele funciona:
- Logo após o término do ciclo da mulher, a glândula hipófise (também chamada de pituitária) inicia o ciclo mensal secretando FSH, ou hormônio folículo-estimulante. Esse hormônio "avisa" os ovários quando é o momento certo para preparar um folículo para a ovulação.
- O folículo se desenvolve e começa a produzir o estrógeno. Ele faz com que o revestimento uterino aumente para que esteja pronto para aceitar o óvulo fertilizado.
- Logo antes da ovulação, os ovários também secretam progesterona e isso continua ocorrendo por aproximadamente duas semanas.
- O hipotálamo e a glândula hipófise (pituitária) regulam o nível de estrógeno presente no sangue. Quando esse nível estiver suficientemente alto, a glândula hipófise libera o Hormônio Luteinizante (LH). Esse hormônio "avisa" o folículo para lançar o óvulo na tuba uterina. O espermatozóide pode fertilizar o novo óvulo na tuba no período de 24 horas.
- Se o espermatozóide fertilizar o óvulo durante esse período e as condições estiverem favoráveis, o óvulo fertilizado será implantado no revestimento uterino preparado e a mulher estará grávida. Caso não ocorra a fertilização ou se algo evitar a implantação, a mulher não irá engravidar e, após duas semanas da ovulação, irá começar a menstruar. Dessa forma, o ciclo se repete.
As drogas (medicamentos) empregadas no intuito de evitar a gravidez podem atuar matando os espermatozóides após a ejaculação, evitando que o óvulo fertilizado seja implantado no útero, ou ainda, prevenindo ou atrasando a liberação do óvulo (o levonorgestrel faz esse terceiro caminho).
Ao fazer uso do Plano B, devem ser tomados dois comprimidos. Cada um deles contém 0,75 mg de levonorgestrel. O primeiro comprimido deve ser ingerido logo após a relação sexual sem a proteção e o segundo, 12 horas depois.
Embora os cientistas não tenham total certeza de que isso funcione, eles acreditam que o levonorgestrel evite a gravidez por interromper o processo de ovulação ou interromper a capacidade do esperma e do óvulo de se encontrarem nas tubas uterinas . Alguns dizem que a droga pode evitar que o óvulo fertilizado também seja implantado, talvez fazendo com que o revestimento uterino fique menos receptivo ao óvulo.
O levonorgestrel faz isso ao interromper o ciclo hormonal natural. Ele contém uma forma sintética de progesterona em alta dose (os comprimidos normais de controle de natalidade apresentam dosagem menor). Altas doses de progesterona no Plano B interrompem o ciclo evitando que a fertilização ou a implantação do embrião, também chamada de nidação, aconteça.
Caso a ovulação já tenha ocorrido, o levonorgestrel será menos eficaz. Por isso é importante utilizar a pílula o quanto antes após uma relação sexual sem proteção. Quando o óvulo fertilizado for implantado, a pílula não terá efeito.
Devido a todas essas variáveis, a pílula não é 100% eficaz. No entanto, em estudos clínicos, foi observada uma eficácia de 89%.
Fonte: HowStuffWorks