Chimpanzés fêmeas copulam em silêncio para evitar competição

Uma pesquisa conduzida por cientistas escoceses sugere que chimpanzés fêmeas deixam de emitir sons durante a cópula caso outras fêmeas estejam ao redor para evitar competição.

Os chimpanzés são conhecidos por terem um comportamento sexual promíscuo e, segundo os pesquisadores, as fêmeas estão mais preocupadas em manter relações com diversos parceiros do que encontrar o macho mais forte.

Os cientistas da Universidade de St. Andrews, na Escócia, observaram um grupo de chimpanzés que vive na Floresta Budongo, em Uganda, na África, e publicaram os resultados da análise na edição desta semana da revista científica Public Library of Science (PLoS).

De acordo com a pesquisa, as fêmeas emitem mais sons de cópula - barulhos emitido durante as relações sexuais - quando vários machos estão ao redor. No entanto, elas permanecem quietas durante a relação quando há fêmeas ao redor para evitar a competição pelos machos da região. "A competição entre as fêmeas pode ser muito perigosa nos chimpanzés selvagens. Nossa descoberta ressalta o fato de que as fêmeas usam os sons de cópula como uma tática para reduzir os riscos relacionados a esta competição", disse Simon Townsend, que liderou o estudo.

A função dos sons de cópula nos primatas vem sendo discutida por vários anos. Uma das principais teorias é que as fêmeas emitiriam sons durante a relação sexual para anunciar a receptividade para os machos. Dessa forma, ela geraria competição entre os machos e poderia escolher o parceiro mais forte para garantir a qualidade de seu filhote.

No entanto, os pesquisadores não encontraram nenhuma prova para apoiar a hipótese de que o som estimularia a competição entre os machos. Além disso, análises dos hormônios das fêmeas indicaram que sua disponibilidade para manter relações não estaria relacionada com seu período fértil, e, portanto, as fêmeas não estariam chamando a atenção dos machos para conceber um filhote. "As fêmeas observadas na pesquisa parecem muito mais preocupadas em manter relações com vários parceiros diferentes, sem que as outras fêmeas descubram, do que em fazer com que os machos briguem por ela", afirmou Townsend.

De acordo com os cientistas, as fêmeas emitem os sons durante a cópula para atrair o maior número de parceiros possível e, dessa forma, confundir os machos sobre a paternidade de seu filhote. Isso garantiria à fêmea proteção dos machos e reduziria o risco de infanticídio - comum entre os chimpanzés machos, já que eles criaram uma relação com a fêmea e não saberiam com certeza se são ou não pais do filhote.

Segundo os pesquisadores, chimpanzés fêmeas são expostas a forte pressão social entre outros membros do grupo, principalmente quando os recursos são escassos. "Nesse contexto, confundir os machos com relação à paternidade, principalmente entre os machos mais importantes, tem duas vantagens. Primeiro, reduz a probabilidade de que os machos irão atacar os filhotes, potencialmente seus. Segundo, pode ajudar a melhorar a disponibilidade dos machos em apoiar a fêmea, até mesmo em brigas com outras fêmas", diz o estudo.

De acordo com os cientistas, as descobertas são "mais um indício das sofisticadas capacidades mentais e inteligência social dos parentes vivos mais próximos da espécie humana".

Fonte: Ambiente Brasil