Pessoas com AIDS têm mais problemas psicológicos do que físicos, aponta pesquisa

Os pacientes com Aids em tratamento no Brasil sofrem mais com problemas psicológicos ou sociais do que com a ação do vírus no organismo, mostra pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada nesta terça-feira (1º), pelo Departamento de DST e Aids do Ministério da Saúde.

A pesquisa "Percepção da qualidade de vida e do desempenho do sistema de saúde entre pacientes em terapia antiretroviral no Brasil", financiada pelo governo federal, foi realizada em 2008 com 1.260 pessoas que recebem tratamento antiretroviral para Aids - em todo o país, 200 mil fazem o tratamento, de acordo com o Ministério da Saúde.

Os dados mostram que 65% dos pacientes com Aids em tratamento consideram sua saúde como boa ou ótima. No entanto, 33% dos pesquisados afirmaram ter tristeza ou depressão em grau intenso ou muito intenso. 47% disseram sentir preocupação ou ansiedade em grau intenso ou muito intenso.

O índice de pessoas com Aids que se sentem bem de saúde é superior ao registrado pela população em geral - cerca de 55% consideram a saúde boa ou ótima. Os dados da população em geral são da Pesquisa Mundial de Saúde, feita pela Organização Mundial de Saúde em 2003.

As pessoas com Aids também se consideram com melhores condições de saúde do que os pacientes com outras doenças crônicas ou de longa duração: 27% classificam a própria saúde como boa ou ótima.

Considerando os problemas psicológicos, quem tem Aids sofre mais do que a população em geral: somente 15% dos entrevistados declararam sentir tristeza ou depressão em grau intenso ou muito intenso. No aspecto preocupação e ansiedade, o percentual da população em geral também foi menor: 23% disseram sentir em grau intenso ou muito intenso.

Aqueles que iniciaram o tratamento após 2007, indica a pesquisa, têm uma pior avaliação de seu estado de saúde. Para os pesquisadores, isso pode ocorrer porque "esses pacientes ainda não recuperaram seu sistema imunológico devido ao pouco tempo de tratamento" e ainda podem sofrer com os efeitos colaterais do início do tratamento.

Fonte: G1