
Talvez seja esse o efeito que explica sucesso que dançarinas mascaradas - como as personagens Tiazinha e Feiticeira - costumam ter na televisão brasileira. O experimento usou máquinas de ressonância magnética para mostrar que os circuitos cerebrais ativados nos homens durante a observação de um corpo feminino sensual desprovido de identidade são os mesmos que os permitem de reconhecer uma ferramenta, um objeto inanimado.

Questionada pela Folha sobre o possível viés cultural que o estudo possa ter - só americanos participaram do experimento - Fiske disse não crer que o resultado mudaria se o experimento fosse feito em países, como o Brasil, onde mulheres de biquíni são comuns.
Fiske selecionou seus voluntários após aplicar um questionário a todos. Eles também precisaram passar por análises neurológicas. Só então os participantes puderam ser submetidos ao teste dentro de uma máquina de ressonância magnética funcional, que registra as atividades cerebrais.
No total do teste, cada participante ficou diante de 160 imagens. Elas eram de mulheres e de homens. Nos dois casos, foram apresentadas durante o experimento fotos com roupas de trabalho e também em trajes de banho.

De acordo com a pesquisadora americana, os seus resultados apresentados agora têm algumas implicações práticas. "Um dos desdobramentos pode ser o fato de que um patrão, por exemplo, pode beneficiar certas companheiras de trabalho em detrimento dos demais funcionários da empresa, dependendo de como ele idealiza aquele corpo", diz a psicóloga.
Susan Fiske afirma que seus resultados também indicam que atitudes machistas de intimidação estão relacionadas com uma menor ativação de uma área do cérebro estudada por ela e envolvida na racionalização do pensamento, o córtex pré-frontal médio. "O sexismo hostil prediz uma menor ativação do córtex pré-frontal médio", afirma a pesquisadora.
Fonte: Folha Online