Não se trata de uma versão nacional para o filme Jurassic Park. O cenário acima é real e foi construído graças aos fósseis dos dinossauros encontrados em terras brasileiras e documentados no livro O guia completo dos dinossauros do Brasil.
Recém-lançada pela editora Peirópolis, a obra é fruto de uma pesquisa de mais de dez anos feita pelo professor Luiz Eduardo Anelli, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), e inclui até dados obtidos a partir das mais recentes descobertas de fósseis no Brasil.
Quis fazer conhecidos dos brasileiros os dinossauros que viveram por aqui, pois nós sabemos pouco sobre o chão em que pisamos e existe uma longa história sob nossos pés.reflete o autor.
Muitos fósseis já foram encontrados no Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Ceará, em Pernambuco e no Maranhão. Entretanto, só 22 espécies são oficialmente reconhecidas.
Alguns dos esqueletos dessas espécies estão entre os mais antigos já encontrados e são fundamentais no estudo da origem e da evolução dos dinossauros. Esses vestígios apontam a América do Sul como o mais provável berçário dessa fascinante linhagem.
Retorno às origens
Mais do que descrever a morfologia dos dinossauros, o livro investiga as origens desses animais, o ambiente em que viveram, seus hábitos, por que se diversificaram tanto e como desapareceram há 65 milhões de anos.
Os brasileiros vão conhecer o tempo dos dinossauros, onde e como foram encontrados e qual o significado de cada um dentro da grande árvore da vida animal.afirma Anelli.
Para isso, o autor volta 4,6 bilhões de anos no tempo, até a época do surgimento da Terra. Mostra a origem da vida nos oceanos e as primeiras plantas e animais. Para que o leitor se sinta mais familiarizado com a evolução dos acontecimentos, os principais eventos da história da vida são associados às horas de um dia.
Somente a pouco menos de três horas do final do dia aparecem os primeiros animais invertebrados.diz no livro.
A evolução dos animais é cuidadosamente documentada, desde o meio aquático. Um salto evolutivo nos leva até o período Jurássico, marcado pela multiplicação dos dinossauros, há 228 milhões de anos.
Esse grupo de animais é tão fascinante que é possível viajar com eles; é divertido estudá-los.completa.
Os fósseis do vizinho são mais numerosos
O livro também faz uma comparação entre os achados do Brasil e da Argentina. Se fosse uma partida de futebol, nós perderíamos. Enquanto o Brasil tem 22 espécies de dinossauros registradas, os hermanos argentinos estão muito à frente, com 110.
O autor explica que, embora o território brasileiro seja mais extenso, existem aspectos que justificam a abundância de fósseis na Argentina, como o clima, o relevo e os ambientes geológicos.
A vegetação variada, por exemplo, que atrai um maior número de herbívoros, contribui para essa discrepância.acrescenta.
Os argentinos também ganham de nós no quesito pioneirismo. O Staurikosaurus pricei, primeiro dinossauro documentado no Brasil, foi descrito na década de 1970. Já o primeiro fóssil argentino foi descoberto quase 80 anos antes.
Os argentinos são pioneiros na América do Sul.afirma o autor.
Ao fim do livro, o leitor encontra um catálogo ricamente ilustrado pelo paleoartista Felipe Alves Elias com todas as espécies de dinossauros brasileiros e informações sistematizadas sobre elas. As reconstruções, bem elaboradas, revelam detalhes sobre a anatomia e mostram a complexidade desses gigantes pré-históricos.
Fonte: Ciência Hoje